Gestação e anemia falciforme são duas condições especiais das quais o dentista precisa estar ciente para realizar com segurança o atendimento odontológico.
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Estudos demonstram que o período mais seguro para tratamento em gestantes é durante o segundo trimestre de gestação(1,2,3). A maioria dos tratamentos odontológicos pode ser realizado durante a gestação, como, por exemplo, tratamento periodontal e endodôntico, restaurações dentárias e instalações de próteses(1). Porém, o profissional deve se atentar para que a duração do procedimento seja limitada, minimizando dosagens anestésicas e de medicações, adequando a posição na cadeira (2,3).
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O tratamento odontológico de rotina de pessoas com doença falciforme controlada deve ser realizado durante um período sem crises, porém a terapia durante uma crise deve ser direcionada a um tratamento paliativo(4). Ênfase deve ser dada à higiene bucal, inflamação gengival e infecções.
Oxigênio pode ser necessário dependendo do estágio da doença e aconselha-se o uso de oxímetro de pulso.
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São recomendadas medidas para evitar o estresse e tensão emocional, como consultas e procedimentos de curta duração, de preferência pela manhã, pois o paciente encontra-se mais descansado. A avaliação de ansiedade pode ser realizada na consulta inicial, fazendo perguntas sobre a ansiedade e os sentimentos do paciente em relação à anestesia e aos procedimentos, bem como sobre experiências passadas, com a finalidade de avaliar com precisão o nível de ansiedade do paciente antes do tratamento, para que medidas de redução da ansiedade possam ser usadas, quando necessário(5).
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Cirurgias eletivas devem ser evitadas(6). Se a cirurgia for realmente necessária, é preciso que seja bem planejada e sua realização deve ser em momento oportuno. A paciente deve passar por uma criteriosa avaliação médica, sendo que a execução da cirurgia deve ser a menos traumática possível, visando à minimização do estresse e do risco de infecção. Na existência prévia de infecção, a mesma precisa ser tratada antes da cirurgia, se possível. A profilaxia antibiótica deve ser realizada e uma terapêutica antibiótica posterior deve ser instituída caso o cirurgião-dentista julgue necessário(7).
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Em relação aos medicamentos, o paracetamol é o analgésico de primeira escolha para casos de dor de origem dentária em gestantes, sendo a dipirona sódica o analgésico de segunda escolha(8). O paracetamol também é indicado para pacientes com anemia falciforme(9).
As penicilinas, como a amoxicilina, são as medicações antibacterianas de primeira escolha, tanto para gestantes quanto para portadores de anemia falciforme, desde que a paciente não seja alérgica a penicilinas. A eritromicina pode ser empregada a pacientes alérgicas à penicilina(8,10).
Os anti-inflamatórios não-esteroidais assim como os salicilatos devem ser evitados durante o período gestacional, principalmente no 3º trimestre de gestação(11,12). A sua utilização em pacientes portadores de anemia falciforme deve ser discutida com a equipe médica que acompanha esse indivíduo(5).
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O anestésico local mais indicado para procedimentos odontológicos em gestantes é a lidocaína 2% com epinefrina, na concentração 1:100.000, desde que sejam utilizados no máximo 02 tubetes (3,6ml) por sessão(8). A referida opção pode ser utilizada em pacientes com anemia falciforme contolada(5). Vale ressaltar que quando indicada, a anestesia deve ser utilizada, pois a ausência de dor diminui a ansiedade e o estresse provocado pelo tratamento dentário(10).
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As radiografias odontológicas são consideradas seguras para as mulheres grávidas em qualquer período da gestação(13,14). Entretanto, o profissional deve utilizar todas as medidas de precaução: utilizar o avental de chumbo e o protetor de tireoide, utilizar filmes radiográficos ultrassensíveis (filme E) e de menor tempo de exposição e evitar radiografias de rotina e repetições(15,16). No primeiro trimestre de gestação, as radiografias são limitadas às situações de emergência(17).
Fonte: https://aps.bvs.br/aps/quais-os-cuidados-devem-ser-tomados-durante-o-tratamento-odontologico-de-gestantes-portadoras-de-anemia-falciforme/ (via RSS)