Como em momento algum foi citado se tratar de pacientes sintomáticos assumimos que a dúvida refere a pacientes com alteração da ferritina como único achado. São três os diagnósticos principais que levam a alterações da ferritina <1000μg/dL na ausência de sintomas ou outros achados laboratoriais: 1- Hemocromatose inicial (em pacientes jovens ainda assintomáticos) – ferritina até 900 2- Heterozigotos para Hemocromatose – ferritina geralmente <500 3- Hepatopatia Alcoólica – ferritina até 500

A distinção se dá pela anamnese detalhada (história de etilismo, história familiar de hemocromatose) e pela biópsia hepática para determinar o ferro hepático que não deverá estar muito elevado na hepatopatia alcoólica. Lembrar sempre da possibilidade de sobreposição de etilismo e hemocromatose. O tratamento deve ser direcionado à causa, portanto pacientes com provável hepatopatia alcoólica devem ser orientados a cessar o álcool e se necessário deve ser oferecido tratamento para tal. Os heterozigotos para hemocromatose não tendem a desenvolver grandes acúmulos teciduais de ferro. Já os pacientes com hemocromatose devem ser minuciosamente examinados (ex. físico, laboratório e imagem) com relação ao fígado, coração, pâncreas e articulações. As alterações dietéticas tem pouco efeito, visto que pacientes com hemocromatose tem uma capacidade bastante aumentada em absorver ferro. O uso de quelantes só está indicado em casos de contra-indicação de flebotomia (500 mL 1 a 2X/semana), que são anemia grave ou hipoproteinemia grave. O início do tratamento com flebotomia é controverso para pacientes assintomáticos. Não há dúvida que com valores de ferritina maiores que 1000 ele está indicado. Pacientes diabéticos devem ser avaliados clinicamente com relação à hemocromatose, visto que a diabete pode ser a primeira manifestação da deposição de ferro nos tecidos.

 

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