O ajuste do tratamento medicamentoso do diabetes deve sempre se basear nos níveis glicêmicos. A maioria dos estudos que avaliam a efetividade do controle glicêmico baseia-se em valores de glicemia de jejum para atingir um determinado alvo de hemoglobina glicosilada (A1C).
A Associação Americana de Diabetes (ADA) desenvolveu uma tabela que correlaciona a glicemia de jejum e valores de A1C (tabela 1) e recomendou metas desses parâmetros laboratoriais (tabela 2):

  <td valign="top" width="378">
    <p align="center">
      A1C (%)
    </p>
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    126
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    6
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    154
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    7
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    183
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    8
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    212
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    9
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    240
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    10
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    269
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    11
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    298
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    12
  </td>
</tr>

Glicemia de jejum (mg/dl)

Tabela 1. Correlação entre glicemia de jejum e A1C. Adaptado de referência 1.

  <td align="center" valign="top">
    < 7,0%
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    Glicemia pré-prandial
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    70 a 130 mg/dl
  </td>
</tr>

<tr>
  <td align="center" valign="top">
    Glicemia pós-prandial
  </td>

  <td align="center" valign="top">
    < 180 mg/dl
  </td>
</tr>
Hemoglobina glicada A1C

Tabela 2. Recomendação da ADA para controle glicêmico (1).

Para a redução de complicações microvasculares e neuropáticas, os níveis de A1C devem estar abaixo ou por volta de 7% (GRAU A). A ADA recomenda níveis mais próximos ao normal para casos selecionados, como pacientes com DM há pouco tempo, grande expectativa de vida e que não possuam doença cardiovascular estabelecida (GRAU B).
Da mesma forma, recomenda metas menos rígidas para pacientes com história de hipoglicemia grave, expectativa de vida limitada, complicações macro e microvasculares avançadas, grandes comorbidades e para aqueles com DM de longa data com dificuldade de atingir as metas apesar do tratamento otimizado (GRAU C). (1)
A ADA e a Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (AEED) recomendam o tratamento farmacológico do DM2 em estágios, iniciando com metformina. Se a meta de A1C não for atingida (isto é, se mantiver maior do que 7%), o passo seguinte é a adição de um hipoglicemiante oral (glibenclamida ou clorpropamida) ou de insulina basal. Não havendo o controle, o passo seguinte seria, respectivamente, iniciar ou intensificar a insulinoterapia, suspendendo o uso da sulfonilureia no primeiro caso (GRAU D), como na figura abaixo: (2)

imagem_final2

Assim, a insulina pode ser iniciada se o controle glicêmico não for satisfatório com a modificação do estilo de vida e a metformina, havendo ou não o uso associado de sulfonilureia. A ADA e a AEED propuseram as seguintes orientações para o início da insulina (2):

  • Iniciar com insulina intermediária à noite ou insulina de longa ação pela manhã ou à noite (pode-se iniciar com 10UI ou 0,2 UI/Kg).
  • Verificar glicemia capilar em jejum (HGT) diariamente e aumentar a dose em 2 UI a cada 3 dias até atingir o alvo (70-130 mg/dl). Pode haver maiores incrementos, 4 UI a cada 3 dias, se a glicemia estiver elevada (> 180mg/dl).
  • Se houver hipoglicemia ou glicemia de jejum abaixo de 70mg/dl, reduzir a dose noturna em 4 UI ou em 10% – o que for maior.

Fonte: https://aps.bvs.br/aps/quando-iniciar-insulina-para-um-paciente-com-diabetes-tipo-2/ (via RSS)