Como interpretar os testes laboratoriais e prescrever o tratamento para sífilis?

Os testes laboratoriais sorológicos para o diagnóstico de sífilis podem ser divididos inicialmente em não treponêmicos e treponêmicos, devendo ser interpretados à luz da história clínica, particularmente se houve exposição sexual de risco, e do exame físico. O conjunto dos achados é que define a presença ou ausência de infecção, bem como a fase em que infecção se encontra. A penicilina é a principal droga para o tratamento, mas a duração da prescrição varia conforme a fase da doença....

Como fazer a investigação das causas da ginecomastia?

A história clínica é fundamental na orientação diagnóstica¹. Deve‑se questionar sobre o início e duração da ginecomastia, sintomatologia associada (crescimento rápido e doloroso é mais preocupante do que um crescimento lento, indolor ao longo de anos), medicação em curso ou já efetuada, doenças concomitantes, sinais de hipogonadismo (como infertilidade, diminuição da libido e disfunção erétil)¹. As doenças sistêmicas associadas ao hipogonadismo e/ou ginecomastia também devem ser inquiridas. A história medicamentosa e social é importante para determinar o abuso de álcool ou de drogas¹....

Como abordar pacientes usuários de drogas no contexto da atenção primária à saúde?

A abordagem das pessoas que usam drogas (substâncias psicoativas), sejam lícitas ou ilícitas, não difere muito em linhas gerais entre as diversas drogas, particularmente no âmbito da atenção primária à saúde, porquanto o trabalho dos profissionais de saúde nesse contexto deve seguir alguns princípios básicos, principalmente o estabelecimento de um bom vínculo terapêutico e o manejo de comorbidades que porventura existam. O estabelecimento de vínculo adequado entre o profissional de saúde e a pessoa usuária de droga pode ser considerado o pilar estruturante do tratamento desse tipo de problema....

Deve-se recomendar o uso de irrigação nasal com soro para tratamento da rinossinusite?

A irrigação salina nasal é recomendada para o alívio dos sintomas da rinossinusite crônica, 1,2 e mostra-se particularmente útil quando há crosta de secreções nasais, devido à drenagem espessa crônica³. Pode ser usada isoladamente para sintomas leves, ou antes, de outras medicações tópicas, para limpeza da mucosa. A irrigação salina nasal não apresenta risco considerável para a saúde se realizada devidamente4. Há evidência do benefício também na rinite alérgica, inclusive em gestantes5....

Qual abordagem inicial do prurido vulvar sem alterações no exame ginecológico?

A abordagem do prurido vulvar deve ser iniciada com uma anamnese detalhada, caracterizando início, tempo de evolução, tratamentos prévios, alterações morfológicas locais e perguntas específicas para cada uma das causas. O exame físico é realizado primeiramente com inspeção da região vulvar sob luz adequada, procurando-se áreas de fissuras, úlceras, hiperpigmentação, eritema, atrofia, hipertrofia, abaulamento das glândulas de Bartholin, entre outros. Pode-se aplicar ácido acético 5% para avaliar presença de lesão acetobranca que podem indicar lesão por HPV....

A drenagem linfática manual tem resultados positivos no edema crônico associado a comprometimento linfático após erisipela de repetição?

De acordo com a Sociedade Internacional de Linfologia nenhum método de tratamento para linfedema apresentou meta-análise satisfatória1. Além de serem escassas as evidências em relação à drenagem linfática manual (DLM)2 elas se concentram no linfedema secundário a neoplasia, em particular a de mama. Há ensaios clínicos que mostram possível efeito positivo, principalmente quando a DLM é associada a medidas compressivas 3-7. Contudo, mesmo nessas situações ainda há muito a ser estudado, pois os estudos são geralmente pequenos e com potenciais vieses7....

Qual o nível de pressão arterial desejável para um paciente hipertenso com histórico de AVC isquêmico?

Na literatura, existe incerteza sobre quão intensiva deve ser a redução da pressão arterial em pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) ou ataque isquêmico transitório (AIT), a fim de evitar um novo comprometimento cerebrovascular (1). Diretrizes recentes se posicionaram com diferentes conclusões sobre esta questão: as diretrizes europeias recomendam uma pressão arterial sistólica (PAS) alvo de 140 mmHg (ou superior) (B); e as diretrizes britânicas recomendam uma meta de 130 mmHg (1-3), meta pressórica também recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia para hipertensos com lesão de órgão-alvo (4)....

Como abordar os casos de zumbido no contexto da atenção primária à saúde?

Pessoas que sofrem de zumbido (sintoma também chamado de tinnitus ou acúfeno) necessitam de uma abordagem de saúde que transite entre critérios subjetivos e objetivos, sendo estes últimos direcionados à pesquisa de causas físicas que têm potencial para ocasionar o referido problema. O tratamento de um zumbido consistiria, assim, em explorar a subjetividade desse sintoma e, quando oportuno, corrigir o fator físico que pode estar desencadeando o desconforto auditivo. Determinar a etiologia seria o primeiro aspecto a se levar em conta quando se investiga uma pessoa com zumbido....

Em que situações e momento da gestação uma mulher Rh negativo deve receber imunoglobulina anti-Rh?

A imunoglobulina anti-D deve ser administrada em mulheres grávidas D-negativas que estão expostas a células vermelhas do D-positivo fetais, estando em risco para o desenvolvimento de anticorpos anti-D e nas seguintes situações: Entre a 28ª e a 34ª semana de gestação de todas as mulheres com Coombs indireto negativo e com parceiros Rh positivos1,2 Após o parto de mães com Coombs indireto negativo e recém-nascidos Rh positivo1,2. Em casos de aborto e ameaça de aborto3....

Qual diferença entre dalteparina e enoxaparina em relação à eficácia e segurança no tratamento de trombose venosa profunda durante a gestação e puerpério?

Não há diferença significativa entre dalteparina e enoxaparina em relação à eficácia e segurança no tratamento de trombose venosa profunda (TVP) [A]1. Ambas são heparina de baixo peso molecular (HBPM) e podem ser utilizadas para tratamento de trombose venosa profunda em gestantes e puérperas2,3,4, porém a dalteparina não deve ser usada em pessoas com síndrome coronariana aguda [A]1. Para gestantes com TVP, a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular recomenda terapia com doses ajustadas de HBPM subcutânea ou de heparina não fracionada (HNF)2,5, até seis semanas pós-parto (tempo mínimo de anticoagulação: três meses) ou o tempo necessário para completar o período preconizado de anticoagulação....