O que fazer diante de um paciente com diabetes mellitus com controle glicêmico ruim?

A American Diabetes Association (ADA) e European Association for the Study of Diabetes (EASD) elaboraram uma diretriz de consenso1, em 2006, para a tratamento para diabetes tipo 2, as quais recomendam mudança de estilo de vida – MEV – juntamente com a administração de metformina (na ausência de contra indicações), como tratamento inicial de escolha de DM2 (MEV isoladamente poderiam ser tentadas durante 3 a 6 meses em indivíduos pouco sintomáticos e muito motivados com A1C<7,5%) (Nível A)....

O que fazer quando o paciente com DM2 em uso de insulina basal, mantem o controle glicêmico insatisfatório?

A dieta e as atividades físicas devem ser revisadas nos pacientes em que o controle glicêmico é ruim apesar da terapia insulínica. Em geral, uma dieta inadequada e/ou doses insuficientes de insulina são a base da falha terapêutica desses pacientes. Observados esses aspectos, ao invés de aumentar indefinidamente as doses das insulinas basais, recomenda-se associar uma insulina rápida ao esquema de aplicação de insulina (4 a 10 UI em cada refeição)....

Por que um paciente não consegue atingir as metas almejadas no tratamento do diabetes mellitus tipo 2?

Entre os fatores que podem contribuir para a piora do controle glicêmico são: Baixa adesão à dieta, exercício, ou terapia, ou efeitos adversos dessa (como ganho de peso em uso de insulina). Uma doença intercorrente, condição aguda ou a ingestão de medicamentos que podem aumentar a resistência à insulina, interferir com a liberação de insulina, ou aumentar a produção hepática de glicose Este último fator é particularmente importante em pacientes idosos em uso de vários medicamentos....

Quais objetivos ou metas gerais no manejo dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2? Quando as metas podem ser menos rígidas?

Com base nos resultados da Prospective Diabetes Study Reino Unido (UKPDS), que revelou a importância do controle glicêmico em minimizar as complicações macrovasculares relacionadas com a diabetes, níveis de hemoglobina glicada abaixo de 7% é a meta para a maioria de pacientes (Nível B). Além disso, é fundamental no seguimento de um paciente portador de DM2 a otimização da pressão arterial sistêmica, meta<130/80mmHg (Nível B); do controle lipídico, meta LDLc<100 ou <70 se apresentar outros fatores de risco (Nível B) e do IMC <25kg/m2 (Nível A)....

Quais opções de insulinização do paciente com diabetes mellitus tipo 2?

Embora existam outras alternativas na insulinização, restringiremos nossa abordagem aos três tipos disponíveis nos sistema público de Belo Horizonte e com os quais os profissionais de saúde devem lidar no nível de atenção primária. Ressalta-se que todas as insulinas apresentam, em menor ou maior grau, como efeitos adversos o risco de hipoglicemia e ganho de peso. A observação das características descritas nestes quadros é importante para compreensão dos esquemas de insulinização....

Quais os cuidados gerais para paciente com DM2 em insulinoterapia? Como monitorar?

Todo paciente em uso de insulina necessita de automonitorização frequente da glicemia capilar, pelo menos nas primeiras semanas, para ajuste de dose. Se possível for, realizar glicemias capilares 3x /dia seria o ideal, pelo menos por uma semana, em horário alternados (alternar sempre a glicemia de jejum com dois desses outros horários: antes do almoço, 2 horas após o almoço, antes do jantar, duas horas após o jantar, antes de dormir); com estes dados pode-se fazer um ajuste mais preciso das doses de NPH e muito provavelmente inserir a insulina Regular pré refeições, após avaliar as glicemias capilares ao longo de uma semana....

Quando insulinizar o paciente com diabetes mellitus tipo 2?

Ambos, pacientes e médicos, são muitas vezes relutantes em iniciar a terapia com insulina, apesar de sua comprovada eficácia e vantagem de custo em comparação com muitos novos agentes. Muitas vezes pela própria forma com que os médicos lidam com a insulinização ( “um castigo ao paciente não aderente” ou “a um insucesso terapêutico”) esse processo torna-se menos aceito pelos pacientes. A literatura, no entanto, contraria essa visão. O estudo da UKPDS¹ revelou há anos que, devido ao progresso natural do diabetes tipo 2, a insulinoterapia será eventualmente indicada para muitos pacientes....

Como proceder diante do resultado citológico da punção aspirativa por agulha fina (PAAF) de um nódulo tireoidiano?

O National Cancer Institute, dos Estados Unidos, instituiu em 2007 o Sistema Bethesda para laudos citopatológicos de tireóide¹, com a seguinte correlação entre categoria diagnóstica e interpretação clínica: Categoria diagnóstica Significado I Amostra não diagnóstica II Benigno III Atípicas/Lesão folicular de significado indeterminado IV Suspeito para neoplasia folicular ou Neoplasia Folicular V Suspeito para malignidade VI Maligno Como condutas restritas à atenção primária /básica, recomendam-se1,2: A repetição do PAAF com intervalo de 3-6 meses, guiada por ultrassom, para Bethesda Categoria I (Nível B)....

Quais são as indicações de ultrassonografia cervical no contexto de doenças da tireóide?

O exame ultrassonográfico de pescoço para avaliação de tireoide deve ser solicitado na presença de suspeita clínica de doença nodular da tireoide,na avaliação de nódulo de tireoide diagnosticado por outro método de imagem, tais como: cintilografia, tomografia computadorizada de pescoço, ressonância magnética de pescoço¹ (Nível A). O US cervical não deve ser utilizado como método de screening para rastreamento de doenças tireoidianas em paciente assintomático (Nível D)², exceto em pacientes com alto risco clínico de câncer de tireóide, a saber, história familiar positiva em dois ou mais parentes de 1º grau, linfoadenomegalia cervical sem outras causas definidas, síndromes hereditárias neoplásicas associadas ao câncer de tireóde, irradiação pregressa em região cervical, rouquidão persistente sem causa definida....

Quando o médico de APS deve indicar punção aspirativa por agulha fina (PAAF) para paciente com nódulo tireoidiano?

O consenso brasileiro de nódulos de tireóide¹ recomenda a análise do tamanho, características ultrassonográficas do nódulo tireoideano e da história de risco do paciente para câncer de tireoide, para avaliar a indicação de PAAF. (Veja tabela abaixo). A PAAF é o melhor método para diferenciar lesões benignas e malignas de tireóide, sendo de fácil execução, bastante simples tecnicamente, mas devendo preferencialmente ser guiada por ultrassonografia². A cintilografia e a ultrassonografia cervical permitem afastar a necessidade de PAAF para os nódulos hipercaptantes ou puramente císticos, respectivamente, por excepcionalmente apresentarem malignidade²....